[FP] Clark, Audrey

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{Seu Corpo}

- Madeixas ora cacheadas, ora lisas, ruivas que caem sobre suas alvas costas  emolduram o rosto angelical da bastarda Clark. Olhos de um verde vivo e lábios rubros compõem seu rosto, também. É pequena em todas as suas feições, e delicada, acima de tudo. Audrey é a encarnação de algo divino em terras mundanas. Tem duas covinhas nas bochechas, que aparecem quando sorri, o que acontece bem frequentemente. Está sempre cheirando ao mais suculento mirtilo, tanto que as vezes enjoa-se de si mesma.

{Personalidade}

Inteligente, calma, dócil e paciente, Audrey é a única em seu grupo que provavelmente não deveria estar bancando a groupie. O faz para acompanhar as amigas e porque adora estar com elas, no entanto. Faz de tudo para ser a garota perfeita, tanto aos olhos da mãe quanto do pastor Tudor, que é um dos homens que mais a julgam em toda a cidade. E é por isso que gosta tanto de sair com as amigas e não as trocaria por nada. Ela pode ser quem realmente é com elas. Audrey, apesar de fingir ser a menina perfeita, não o é, mas ainda sim consegue ser boa, à sua maneira. Quem a vê com a mãe nas missas de domingo não imagina que ela é a garota que grita e canta ao som do The Black Box nos sábados à noite. Sente algo estranho por Oliver, mas julga-se incapaz de ter algum relacionamento com ele, até porque, por mais que queira pouco se lixar para a sociedade mórbida de Eufaula, ela liga (e muito), para o que as pessoas vão falar dela e o pior: toda a culpa podia recair na mãe, sendo a senhora acusada de não conter a ruiva antes que ela fizesse suas besteiras comuns aos adolescentes.

{História}

Audrey é fruto da inconseqüência de seus pais quando os mesmos tinham, vejam só, a sua idade. Desde então foi taxada de bastarda e a mãe, querendo redimir-se, passou a ser uma das senhoras que mais estava presente na Igreja. Não importava se estava enferma ou tivesse tido algum acidente, Audrey também era arrastada para a Igreja junto à mãe. Não que a ruiva chegasse a reclamar. Até hoje sempre se sentiu dragada pelas palavras apaixonadas de Pastor Tudor em seus sermões.
O que lhe deixava abismada era a forma como ele pregava o amor ao próximo diante do palanque e quando passava perto dela e de sua mãe, virava a cara, indo atender aos outros fiéis.
A mãe viera a tornar-se uma garçonete mal paga em um dos restaurantes de Eufaula e, sem o suporte dos avós, que abnegaram a própria filha pelo ato impensado de ter engravidado em plenos dezessete anos, as duas passaram por algum tempo de necessidade (a infância toda da garota, mais precisamente) até a Senhora Clarke, agora com vinte e nove anos, conseguisse abrir sua pequena loja de cupcakes, na qual Audrey trabalhava sem esperar um salário.
Conheceu as melhores amigas ainda no jardim de infância e desde então não se separou delas. Eram o quarteto problema do primário, ginásio e secundário, e praticamente todas não se importavam com seu pequeno título, mas Audrey não podia dar-se ao luxo de contrariar mais ainda a sociedade de Eufaula. Portanto, mesmo que fosse livre, selvagem e super desinibida com suas amigas, na Igreja, com sua mãe e na sociedade Eufaulense, ela vestia sua máscara de recato e requinte, coisa a qual já estava muito acostumada a vestir.
Seus avós se reconciliaram com a mãe quando Audrey tinha dezesseis anos, o que a ruiva achou um pouco forçado, mas, como sempre, manteve sua opinião para si ao invés de expô-la para a mãe. Quando Adriana Clark teve finalmente um homem maluco a ponto de enfrentar o pastor Tudor ao casar-se com ela, Audrey sentiu-se muito feliz pela mãe, foi uma das maiores incentivadoras, até porque a mulher dedicara toda a sua então juventude para criá-la. Mesmo que não fosse mais virgem e não pudesse usar a grinalda, ela agora tinha com quem contra quando a pequena fosse para a faculdade.
Continuou trabalhando na loja da mãe e saindo com as amigas, estudando para passar nas provas e SATs, até Becks arrastar Georgie, Abby e Audrey para o Big Daddy’s em um sábado à noite, para o show de uma então desconhecida banda. Não conseguiu pensar em nada mais quando olhou para o baterista, que, absorto em seu instrumento enquanto batucava ao ritmo da música, envolvendo-a com uma calidade mais do que explêndida, Audrey sentiu-se, pela primeira vez, nervosa e corada por causa de um homem. Mas quando ele olhou para ela... Ah, ela não conseguiu conter sua própria dignidade, repreendendo-se.
Sua mãe a tinha avisado desses tipos, que lhe usam e te jogam no lixo logo após o manuseio. Seu pai fora assim e ela não queria ser igual à mãe.
No entanto, ao mesmo tempo, ele chamava ela e ela sempre perguntava-se: Que mal pode haver apenas uma noite?